Coisa de menino ou coisa de menina?
Um
dia desses, em um desses blogs que sigo, vi uma foto que quase não
precisou de texto para expressar a opinião dessa mãe. Duas garotas, com menos
de oito anos, riam para a câmera exibindo com alegria as fantasias que vestiam.
De Batman e Robin. Uma única frase acompanhou a foto: "Para meninas com
personalidade".
Estava claro. Essa mãe questionava o que convencionamos separar
como brinquedos e brincadeiras de meninos e de meninas. É sobre essa questão a
nossa conversa.
Até a primeira metade do século 20, os estereótipos a respeito do
que era adequado para meninas e para meninos era quase consenso social, pois não havia
questionamentos. Azul para meninos, rosa para meninas; carrinhos para meninos,
bonecas para meninas; certas profissões para homens, outras para mulheres e
assim por diante.
A partir dos anos 1960 tudo passou a mudar. Desconstruímos os
rígidos papéis de homem e mulher e passamos a reconstruir novos, processo esse
que ainda está em curso. Foram as crianças que mais ganharam com isso.
O colorido das fantasias, inclusive de bailarina, dos adereços
femininos, da maquiagem, das vestimentas e dos calçados de salto etc. passou
também a habitar a vida dos meninos; carros, ferramentas, espadas, bolas etc.
se transformaram também em coisas de menina.
Não foi --e ainda não é-- sem temor por parte dos adultos que isso
aconteceu. Meninas jogando futebol? Meninos brincando de casinha? Um
estranhamento tomou conta de muitos pais, que manifestam resistência a esse
novo estilo de vida. Os motivos? O principal, além da quebra de uma tradição, diz
respeito à sexualidade, é claro.
Professoras e coordenadoras de escolas de educação infantil ainda
costumam ouvir reclamações de mães sobre brincadeiras na escola que os filhos
relatam e que escapam aos estereótipos em vigor, um pouco mais fracos, mas que ainda
valem para muita gente. A maioria das reclamações vem da parte de mães e pais
de meninos. Não é interessante esse fato?
Sabemos que preconceitos e estereótipos solidamente colocados na
sociedade demoram a ser transformados e substituídos. É responsabilidade das
organizações colaborar nesse processo.
Muitas escolas, principalmente de educação infantil, têm dado
valiosa contribuição para que esses estereótipos e preconceitos de que falamos
enfraqueçam. Mas
elas podem melhorar.
Aí, em pleno século 21, empresas oferecem produtos em embalagens
diferentes para meninas e para meninos! Exemplo? Chocolate rosa para elas e
azul para eles, com brindes considerados femininos e outros masculinos.
E ainda justificam que esse é um anseio do seu grupo consumidor. Se
o consumidor sempre tivesse razão, o mundo estaria muito mais atrasado. Talvez
não tivéssemos carros e aviões, e sim carroças de boi
sofisticadas.
Muito se fala a
respeito da responsabilidade social. Empresas exploram esse conceito
principalmente para transformá-lo
em marketing.
A decisão de comercializar produtos dirigidos para meninas e para
meninos é uma ação que expressa uma total irresponsabilidade social, não é
verdade?
ROSELY SAYÃO é
psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)
01.De acordo com as regras de
colocação pronominal, justifique a posição do pronome na forma verbal “transformá-lo”:
02. No trecho “Muito se fala a respeito
da responsabilidade social.” Há próclise ou ênclise? Justifique o uso:
03. As conjunções grifadas em
amarelo podem ser substituídas por:
04. No trecho “Talvez
não tivéssemos carros e aviões, e sim carroças de boi
sofisticadas.” O termo grifado apresenta ideia de adição ou adversidade?
Justifique:
05. Releia os dois primeiros parágrafos do texto e responda:
a) Quer recurso persuasivo a autora usa para chamar a atenção do
leitor em relação ao tema?
b) A que conclusão a autora chegou sobre o objetivo de a mãe
postar a foto com a legenda?
06. Procure o significado da palavra grifada em rosa:
07. Leia:
“Muitas escolas, principalmente de educação infantil, têm dado valiosa
contribuição para que esses estereótipos e preconceitos de que falamos
enfraqueçam.”
Qual é o significado da palavra grifada? Que sentido produz na
oraça?